quarta-feira, 4 de maio de 2011
Em parceria com o marido, Stacey Kent renova clássicos do jazz para show beneficente em SP
Stacey Kent está com o português na ponta da língua. De volta ao Brasil após uma temporada de três shows
em setembro passado, a cantora norte-americana de jazz coloca em
prática mais uma vez o que aprendeu nas aulas intensivas do nosso idioma
durante dois anos de estudo. Obcecada por palavras (ela fala também
frânces, alemão e italiano), tropeça apenas em algumas expressões. "Não
sei como se diz em português 'turning point'", lamenta ela, referindo-se
ao "momento decisivo" que foi trabalhar em "The Lyric", o disco que
impulsiona seu retorno a São Paulo.
Além de lançar por aqui o álbum construído em parceria com o marido, o
saxofonista Jim Tomlinson, Stacey volta por outra boa causa. Ela se
apresenta nesta quarta-feira (4) na Sala São Paulo como atração do
projeto beneficente Tucca Música pela Cura, realizado pela Tucca
(Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer) e cuja renda será
destinada à entidade. No palco, Stacey e Jim serão acompanhados pelo
Trio Corrente, expoente do jazz nacional, na execução de standards
americanos (como "I've Grown Accustomed To His Face" e "What Are You
Doing For The Rest of Your Life?") e canções brasileiras.
Stacey Kent - "So Many Stars" em SP
Apaixonada pela música do Brasil, Stacey pinçou, entre outras, "Desde
Que Samba É Samba", "Coração Vagabundo", ambas de Caetano Veloso, e
"Corcovado", de Tom Jobim, para o repertório exclusivo desta noite. Esta
última, inclusive, faz parte do disco "The Lyric", um álbum gravado em
2005 e que agora ganha relançamento. "Esse disco saiu em 2006 entre dois
álbuns meus, e ficou apagado. Às vezes a gente esquece todas as canções
que já conhece porque estamos em outros projetos, por isso foi um
prazer começar a trabalhar neste disco de novo", diz Stacey em
entrevista por telefone ao UOL Música.
"The Lyric" (que, em português, significa "letra de música") não
recebeu esse título por acaso. "Para nós, este álbum foi um 'turning
point', um momento de mudar nossas carreiras e nossas vidas musicais.
Queríamos fazer algo em que as letras das músicas fossem as razões de
estarem lá. Não digo que o ritmo e a melodia não são importantes, porque
são, mas para nós a coisa central é a poesia", ela conta, acrescentando
que descobrir a poética da música brasileira (especialmente as
composições de Vinícius de Moraes e de João Gilberto, a quem atribui a
razão por estudar a língua) foi "uma coisa muito forte na minha vida".
Os créditos do trabalho também estão no fôlego de Jim Tomlinson, um
saxofonista que conhece "todas as letras das canções". E Stacey não
poupa palavras elogiosas ao parceiro. "Dividir o palco com Jim é a coisa
'mais grande' na minha vida", ela diz com voz suave, escorregando com
elegância no superlativo da gramática. "Estou com meu melhor amigo, com
quem adoro tocar e passar todo o tempo. E é isso que queremos fazer.
Temos oportunidade de tocar com outras pessoas em turnês, mas preferimos
passar o tempo juntos. Existe uma conversação entre nós, nos conhecemos
muito bem, de falar as mesmas coisas ao mesmo tempo. Depois de 20 anos
tocando com ele, ainda continuo inspirada".
Com o Trio Corrente, que conheceu pessoalmente nesta semana durante os
ensaios para o show, Stacey deposita toda confiança. "Eu já conhecia a
música deles, e eles conheciam a minha música também, mas nunca tínhamos
nos encontrado. E, mesmo assim, a gente já sabe como vai ser tocar
junto. Já temos química. Entramos no estúdio e sabíamos compartilhar
esse universo musical. Estou muito feliz", atesta, esperando ver o
público também soltar a voz. "Hoje eu estava no carro e o motorista
estava cantando comigo as canções. As pessoas daqui conhecem as letras e
adoram cantar com a gente", diz ela, elogiando o idioma mais uma vez e
parecendo se sentir em casa. Não a toa sua palavra preferida, em
português, é "aconchegante".
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